Olhos...


"Por que dizemos que o mundo visionário de Bavcar é diferente?
Por uma razão bastante simples: quem conhece a visão rigorosa e exigente de Bavcar sabe que tanto em suas fotos quanto em seus textos teóricos não encontramos vestígios daquilo que faz a cegueira do mundo: os olhos do poder, da hostilidade, da condenação, da ironia, do medo, da vanglória, da vergonha; olhos poderosos capazes de despir, devorar e até mesmo matar; olhos que transformam o sujeito em coisa, como diz Sartre, roubando-lhe a condição de sujeito.

Em síntese, olhos transformados nas famosas paixões tristes que nos dominam e que impedem nossa potência de pensar, criar e agir. Mas a maior cegueira de nossos dias – ausente em Bavcar – é aquela que aceita permanecer naquilo que é oferecido à primeira vista, que considera a visão primeira e imediata como verdade, o olhar unidimensional de que ele fala em seus textos.

Cegueira fatal que obscurece a multiplicidade da escolha e impede o domínio pleno de nossos atos. Precisamos, pois, de um novo aprendizado do olhar; temos que aprender a ver de novo, e Bavcar nos ensina isso."


Adauto Novaes: Olhos da Alma
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