Porque o Jabor sabe das coisas...

Ontem no consultório médico estava a foliar alguns capítulos do livro do Jabor e sorrir por dentro, em meio a inúmeras mulheres com seus barrigões e sonho maternais, pois em um momento existia um trecho no livro que dizia algo assim:

“ A bunda realmente me inquieta. Dá-me a impressão de ter se destacado do corpo e de ter ganhado uma vida própria. Antigamente, a bunda fazia parte da mulher completa, talvez mais oprimida, com celulite e varizes, mas é inegável que a bunda era parte da mulher. Hoje, a mulher é que pertence à sua bunda. Há mulheres que passeiam seus bumbuns como cachorrinhos de luxo, outras que chegam a ter ciúmes de suas próprias bundas, mais queridas que elas. Há bundas que chegam a ter pena de suas donas e parecem dizer:

‘ Prestem atenção nela, ela também é legal.’

Hoje, visivelmente, o desejo sexual do homem migrou para os bumbuns. Nas revistas de sacanagem, as vaginas têm perdido terreno em relação aos bumbuns. Por que será? Talvez porque a vagina seja um território mais sagrado e mais temido. Dela sai a vida, saímos todos, há mistério na vagina.

Antigamente, havia a sedução pelo despertar da curiosidade, pelo atiçamento, para os homens adivinharem as belezas femininas ocultas. Hoje, com a competição, a exposição radical de bundinhas é prateleira de ofertas. Há um professor de ginástica que grita: "Vocês não têm vida interior, não... Só bunda e barriga!"

Talvez essa seja a razão do sucesso do texto que não escrevi. Na vida secreta, as mulheres querem ser amadas pelo que são profundamente. Mas ninguém vê suas belezas internas. É como eu. Ninguém me ama pelo que escrevo. Só gostam da bunda dura que não é minha. ”
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