Definiçãos de SINESTESIA na internet:
[De sin + estes(i) + ia.]Psicol. Relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente (p. ex., um perfume que evoca uma cor, um som que evoca uma imagem, etc.). Sensação, em uma parte do corpo, produzida pelo estímulo em outra parte.
"Priva-te! Abstém-te! Eis o eterno refrão com que nos quebram o bichinho do ouvido a toda a hora. De manhã, quando acordo, é sempre aflito e ansioso de chorar, pela certeza de que o dia que enceto é, como os outros, incapaz de cumprir-me um só desejo, nem um só. Pois se eu sei que a expectativa do mínimo prazer já chega eivada de sua improbação, e cada almejo do meu férvido sangue há-de ir gelar-se ante as carrancas do viver prosaico! À noite é-me forçoso entrar num leito onde já sei me aguarda o labirinto da turbulenta insónia, e, se olhos cerro, medonho pesadelo!"
Do Fausto de Goethe, nunca é demais lembrar.
Maior fenômeno editorial da história, O Segredomal chegou ao Brasil e já é sucesso. O segredo? O ser humano nasceu para acreditar.
Lizia Bydlowski - Revista Veja
Você é o que pensa. Até aqui nenhuma novidade. A premissa vem sendo veiculada, com maior ou menor sustentação e apuro intelectual, desde o alvorecer de um estranho tipo de primata capaz de analisar fatos, estabelecer relações entre eles e projetar expectativas no tempo. Avançando algumas centenas de milhares de anos na história humana: pelo individualismo que traz embutido, o conceito da força do pensamento proliferou nos Estados Unidos, a terra por excelência da meritocracia e da valorização do esforço de cada um, e tende a ressurgir em sociedades em que as mudanças coletivas parecem emperradas. Sendo este justamente um desses momentos, espalha-se pelo mundo - começou nos Estados Unidos, claro, e já está batendo no Brasil - um fenômeno que arrebanha fiéis com ímpeto impressionante: o passo-a-passo para o sucesso revelado em O Segredo, um DVD transformado em livro que prega a força do pensamento positivo (e negativo também) em sua versão mais popular, simplista e atraente.
Lizia Bydlowski - Revista Veja
Você é o que pensa. Até aqui nenhuma novidade. A premissa vem sendo veiculada, com maior ou menor sustentação e apuro intelectual, desde o alvorecer de um estranho tipo de primata capaz de analisar fatos, estabelecer relações entre eles e projetar expectativas no tempo. Avançando algumas centenas de milhares de anos na história humana: pelo individualismo que traz embutido, o conceito da força do pensamento proliferou nos Estados Unidos, a terra por excelência da meritocracia e da valorização do esforço de cada um, e tende a ressurgir em sociedades em que as mudanças coletivas parecem emperradas. Sendo este justamente um desses momentos, espalha-se pelo mundo - começou nos Estados Unidos, claro, e já está batendo no Brasil - um fenômeno que arrebanha fiéis com ímpeto impressionante: o passo-a-passo para o sucesso revelado em O Segredo, um DVD transformado em livro que prega a força do pensamento positivo (e negativo também) em sua versão mais popular, simplista e atraente.
O DVD, que custa cerca de 35 dólares, já vendeu 1,5 milhão de cópias; o livro, lançado há três meses, está em primeiro lugar na lista de auto-ajuda do The New York Times e teve a primeira edição de 1,75 milhão de cópias esgotada. Outra, de 2 milhões, está a caminho, o que faz dele, possivelmente, o maior sucesso de vendas do gênero na história. No Brasil, onde O Segredo só existe em inglês mas já é tema de quatro comunidades no site de relacionamentos Orkut, a maior delas com 12.000 membros, o filme estreou em cinemas de oito cidades na sexta-feira, e a Ediouro corre para lançar o livro no dia 5 de maio.
Como é regra no campo da auto-ajuda, a maior beneficiária até agora de O Segredo é a australiana Rhonda Byrne, 55 anos, a dona da idéia. Que idéia é essa? Simples: pense muito, pense forte, pense certo, pense com sentimento, e o que você quer cairá na sua mão (ou no seu pescoço, se for um colar de diamantes, situação efetivamente encenada no filme). Nas palavras de Rhonda: “Se você visualizar na mente aquilo que deseja e fizer disso seu pensamento dominante, atrairá o que quer para a sua vida”. Palavras do livro, porque em pessoa Rhonda anda reclusa na casa nova em Malibu, a praia chique da Califórnia, não dá entrevistas e não pode ser incomodada - prepara, acertou, O Segredo, Parte II.
A base teórica do segredo - se é que se pode chamar de base algo tão fluido e assentado no senso comum - é o que a autora chama pomposamente de lei da atração. Nada mais do que a ancestral noção de que as pessoas são capazes de atrair para si mesmas coisas boas ou ruins dependendo de sua disposição mental. São Marcos, o evangelista: “Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o haveis de conseguir e que o obtereis”. Rhonda: “Tudo o que acontece na sua vida é você quem atrai. E a atração se dá pelas imagens que você carrega na mente. É o que você está pensando. Aquilo que está na sua mente é o que você atrai para si”.
Funciona? A resposta não é simples nem rasteira como O Segredo. Ninguém obviamente pode “atrair” um câncer ou se curar de um tumor apenas pela força do pensamento negativo ou positivo, conforme o caso. Todas as pesquisas criteriosas mostram isso com clareza aritmética. Mas as mesmas pesquisas mostram que pessoas que rezam pela própria cura e que se mentalizam com saúde ainda que presas a uma cama de hospital têm maiores chances de se livrar da doença do que as que se entregam ao desespero e ao derrotismo. A explicação científica óbvia é a de que os otimistas acreditam na própria cura e, por essa razão, tendem a se cuidar mais, a seguir o tratamento médico com maior afinco e disciplina. Ocorre que se vive hoje um ambiente de adelgaçamento civilizatório em que um número maior de pessoas acredita em anjos do que em antibióticos. Nesse ambiente, a cura dos otimistas, dos que acreditam, dos que rezam, é quase sempre atribuída a fatores sobrenaturais, e não aos remédios e às cirurgias. É nesse desvão que prosperam os criadores de O Segredo.
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Afinal, morar junto ou separado?
Quando o amor fica mais morno, alguns acham que, se cada um morasse num canto, voltariam aos tempos românticos em que eram namorados; já outros, praticamente casados, escolhem morar em casas separadas. Tudo bem, tudo ótimo, mas para viver assim é preciso combinar alguns pontos fundamentais.
Começando pelo começo: se cada um mora na própria casa, ambos têm o direito de ter a chave da casa do outro? Se a resposta for não, podem aparecer e tocar a campainha a qualquer hora ou devem telefonar antes? Faz parte do trato ligar todos os dias, perguntar o que o outro vai fazer ou dá para ir jantar fora com uma amiga ou amigo sem ter que avisar?
Porque, se tiver que dar satisfações de todos os passos, que independência é essa? Passado esse pequeno detalhe, uma curiosidade: com que assiduidade os dois dormem - e acordam - juntos? Existe um trato, tipo segundas, quartas e sextas ou só nos fins de semana, ou fica tudo livre, dependendo apenas do desejo da hora? Complicado. Se um quiser e o outro estiver com vontade de dormir só, pode dizer ou pega mal (como também acontece, aliás, com aqueles que moram juntos)? Outro detalhe: na casa dele ou na dela? E mais unzinho: cada um tem uma escova de dentes na casa do outro?
Na casa dele tem que ter a maquiagem, a pinça, a tesourinha, as calcinhas, os sutiãs, as camisetas? E na dela, a lâmina de barbear, a loção pós-barba etc. e tal? Uma complicação. Quando ele fica gripado, ela vai, radiante, brincar de enfermeira e cozinheira. Mas, como homem não tem vocação para tomar conta de doente, quando é a hora dela, ele não faz rigorosamente nada. Até porque não sabe. A coitada só não morre de fome porque no armário da copa ainda há dois pacotinhos de castanha de caju e uma latinha de batatas Pringle's - para acompanhar o uísque dele, é claro. Pequenos detalhes importantíssimos entre pessoas que se amam: é permitido telefonar para comentar a novela? E no meio da noite, para dizer que está com saudades? Pode telefonar e convidar para ir ao cinema? Em suma, pode telefonar? Com que freqüência? Se o telefone estiver ocupado durante horas, pode perguntar com quem estava falando?
Para que tudo funcione, é preciso que tudo fique combinado antes, isto é, que haja um código, igualzinho a um casamento. Pensando bem, talvez seja mais fácil casar da maneira tradicional e morar junto, até porque seria mais barato - só uma conta de luz, de condomínio, faxineira etc. E com uma vantagem: se houver uma briga, durante o sono um esbarra na perna do outro e as pazes são feitas automaticamente, amorosamente, sem nem precisar discutir a relação.
Danuza Leão é cronista, autora de vários livros, entre os quais As Aparências Enganam (PUBLIFOLHA)
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